Guga Detoni

Zdzislaw Beksinski

Antes de começar a falar sobre Zdzislaw Beksinski. Faço uma observação de que este é um dos pintores surealistas, [e depois falo sobre surrealismo] que mais admiro. Suas obras são intensas e perturbadoras. A beleza desta obra “Imagem of Life and Death” é uma das minhas favoritas.

Quem foi:

Renomado pintor, escultor e fotógrafo, conhecido principalmente por suas pinturas obsessivamente detalhadas de paisagens catastróficas, figuras humanoides surreais, nus aflitos e seu realismo fantástico Beksinski executou seus trabalho no que auto denominou de estilos “Barroco” e “Gótico”.

O primeiro estilo é dominado por representação, trabalhos vindos deste período de “realismo fantástico” são pinturas perturbadoras de um ambiente de pesadelo surrealista. No segundo estilo, o Gótico, mais abstrato e dominado pela forma, tipificado pelas últimas pinturas do artista. A visão pós-apocalíptica, bem como de H. R. Giger, é a única perturbação em partes devido a um olho altamente desenvolvido pela arquitetura. A manipulação escalar, bem como a fixação por textura é altamente engenhoso. Estruturas imensas que emergem do vazio ou da poeira de deserto, rodeados de uma atmosfera de céus ameaçadores.

Embora ele retrate um mundo angustiante, Beksinski afirma que seu trabalho é incompreendido. Como Kafka (conhecido por rir histericamente ao ler suas próprias histórias em voz alta). Muitas vezes o pintor polonês se diverte com seus trabalho. Ele garante que sua  visão era, em última análise, otimista. Como pode ser visto a seguir:

A Catedral acima ganha vida, deixando de ser um elemento inanimado.

 

No meio da escuridão existe uma pequena janela com luz, este ponto de fuga pode ser visto em vários outros quadros.

 E… Música senhores… música.

Beksinski abominava trabalhar em silêncio, ouvia continuamente música clássica enquanto pintava. Ele era suave, mas surpreendentemente gregário, dado aos seu corpo sombrio de trabalho. No final dos anos noventa, devido a era da informática  e internet, mudou mais uma vez seu foco, voltando-se no final à arte digital / fotografia.  Nesta área, talvez por ser uma área de pouco domínio, produziu  peças bem menos críticas e bem menos sucedido do que suas pinturas.

Início da vida:

Nascido na cidade de Sanok, em 24 de Fevereiro de 1929, ao sul da Polônia.

Nos anos de 1947- 1952 viajou para Cracóvia, onde cursou a faculdade de arquitetura na Universidade de Tecnologia da Cracóvia. Durante vários anos passou como miserável supervisor de construção local, trabalhando em várias cidades polonesas, profissão que ele detestava. Seus trabalhos a partir desta época são de fotografia artística principalmente e foto montagem, bem com escultura. Além de iniciar as primeiras tentativas de desenho e pintura, tendo seus primeiros desenhos temas sadomasoquistas.

Em 1955 voltou a Sanok. Quando trabalhou na fábrica de ônibus Autosan. Nesta época fez esculturas de gesso e arame. Além é claro de fotografia, usando uma câmera Icorett Zeiss.

Fotografia:

Ao longo de toda a década de 50, fotografou principalmente sua casa, pessoas da família e da vizinhança, ruas estreitas e enlameadas, paredes de madeira bruta e sua aldeia de Bieszczady. Parte das fotos são auto-retratos estilizados como um marinheiro, trabalhador, um soldado do Exército Vermelho, detetive ou uma pessoa à beira do suicídio. Modelos do artista eram muitas vezes seus pais, mas principalmente sua esposa Zofia. . Seus retratos e nus são um exemplo de afirmação da vida e obra de Beksinki.

 

A fotografia mais famosa da série de nú é  “Sadit’s Corset”, um retrato da mulher do artista envolta em fios, fotografado através do encosto da cadeira.

 Sua fotografia teve vários temas. Já na fase inicial do autor, se percebe  estilo característico, cruzes, túmulos, figura solitária humana perdida na monotonia da paisage, cemitérios, velas, rostos retorcidos,  também representando imagens perturbadoras como uma boneca mutilada com o rosto arrancado, retratos com rostos envoltos em bandagens ou sem rostos. Na galeria abaixo pode-se observar a iluminação, textura, perspectiva, paisagens e objetos com textura muito acidentados além perspectiva (que ele enfatizou com luz e sombra). Característica que iria predominar em suas obras posteriores.

Embora a década de 50 tenha o consagrado como fotógrafo, quando em 1960 ele abandonar, jamais voltará a esta forma de produzir arte.

Quando questionado sobre a razão de não fotografar mais. Beksinski respondia que ele possuia um sentimento que não poderia jamais expressar por esta técnica. Beksinski doou suas obras e bens incluindo a coleção de 2.000 fotografias para o Museu Histórico de Sanok.

Pintura e Desenho

Beksinski nunca possuiu formação acadêmica formal como artista. Aos trinta e poucos anos, mudou o foco para pinturas abstratas de grande porte sobre tábuas de madeira que ele mesmo preparava. Ele optou por usar madeira o invés de tela. Sua tinta de preferência era óleo, apesar de ter experimentado também tinta acrílica.

Em 1964, uma exposição em Warsaw, provou ser o maior sucesso, onde todas tuas pinturas foram vendidas.

Sempre pintou com paixão, e trabalhava constantemente (sempre ao som de música clássica). Logo tornou-se uma figura de vanguarda na arte polonesa contemporânea, quando ele entrou no que chamou de “Período Fantástico” lembrando Bruegel, Ernst ou Bosch, e desenhos que depois inspirariam seu contemporâneo, H. R. Giger (você conhece este último muito bem, com certeza já assistiu “Alien o 8° passageiro”). Este período vai até meados dos anos 80. Este é o período de criação mais conhecido e aclamado, caracterizado pelo surrealismo, ambiente pós-apocalíptico, com cenas extremamente detalhadas de decadência, morte, paisagens com muitos esqueletos e o que se denominou Protocell Architecture. Formando assim a sua marca. Na época, Beksiński afirmou: “Eu gostaria de pintar de tal forma que estivesse fotografando sonhos”.

Obras que, como já dito, sempre foi interpretado de forma errada, pois na visão do autor eram otimistas e até mesmo bem humoradas. Porém a grande maioria delas, nem Beksinski sabia  o significado e não estava interessado em interpretações possíveis, motivo que levou a se recusar a intitular qualquer dos seus trabalhos, deixando a interpretação para o observador.

Antes de se mudar para Varsóvia em 1977, queimou uma seleção de trabalhos em seu próprio quintal, sem deixar nenhuma documentação sobre eles. Afirmando mais tarde que algumas destas obras eram “muito pessoais” e outras não satisfatórias, desta forma, não queria que as pessoas vê-las.

Década de 80

Marca um período de transição para Beksinki. Durante este período, suas obras tornaram-se mais popular em França, devido aos esforços de PiotrDmochowski, e ele alcançou a popularidade significativa na Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão. Sua arte no final dos anos 1980 e início de 1990 focada em imagens de escultura monumental ou compostos de uma paleta de cores restrita (e muitas vezes fraca), incluindo uma série de cruzes. Pinturas nesses estilo, que muitas vezes parecem ter sido esboçado densamente em linhas coloridas, eram muito menos generoso do que os conhecidos de seu “período fantástico”, mas tão poderoso e vivos.

Beksinski em seu estúdio

Anos 90

Em 1994, Beksiński explicou que “eu estou indo na direção de uma maior simplificação do fundo, e ao mesmo tempo um considerável grau de deformação nas figuras, que estão sendo pintados sem o que é conhecido como a luz naturalista e sombra. O que depois é para que seja óbvia à primeira vista que esta é uma pintura que eu fiz “.

Na última parte da década de 1990, ele descobriu computadores, Internet, fotografiadigital e photomanipulation, um meio que ele se concentrou em até sua morte.

Observação: Entre o material que procurei, não encontrei explicação para o contraste que aparece visível da cor azul no meio da palete que ele costuma usar.

 Pinturas:

A pessoa

Embora a arte Beksiński era muitas vezes cruel, ele mesmo era conhecido por ser uma pessoa agradável que teve prazer de conversa e com grande senso de humor. Ele foi excepcionalmente modesto e um tanto tímido, evitando eventos públicos, inclusive aberturas de suas próprias exposições. Ele creditou a música como sua principal fonte de inspiração. Alegou não estar muito influenciado pela literatura, cinema ou o trabalho de outros artistas, e quase nunca visitou museus ou exposições. Beksiński evitava análises concretas do conteúdo de sua obra, dizendo: “Não posso aceitar uma afirmação sensata sobre a pintura”. Ele foi especialmente desdenhoso com aqueles que procuram ou oferecem respostas simples para o que seu trabalho “significou”.

Tragédias familiares e morte

 Os anos 90 foram os piores para Beksinski. Sua mulher Zofia, após longos anos doente, morreu em 1998. Seu filho Tomasz (personalidade no rádio polonês e tradutor de filmes), comete suicídio. O próprio pai quem encontrou o corpo do filho.

Observação: Tomasz, assim como seu pai gostava muito de música, especialmente de The Legendary Pink Dots. Após o suicídio, reedições polonesas da banda caracterizavam-se pela arte digital de Beksinski, dedicadas a Tomasz. No final da postagem existe um vídeo da banda [que particularmente não conhecia].

No dia 21 de fevereiro de 2005, o corpo de Zdislaw Beksinski é encontrado em seu apartamento em Varsóvia, com 17 facadas. A perícia confirmou depois que apenas as 2 primeiras facadas foram necessárias para a morte do artista, as outras 15 foram de “overkill”. Robert Kupiec (filho mais novo e adolecente do seu caseiro de longa data), que mais tarde se declarou culpado e um amigo foram preso. Em novembro de 2006 Robert Kupiec foi condenado a 25 anos de prisão e seu cúmplice, Lukasz Kupiek, a 5 anos pelo tribunal de Varsóvia.
Motivo da morte?
Beksinki teria recusado um pequeno empréstimo do equivalente a 200 ou 300 reais para Robert Kupiec.

Legado do Artista

O centro de Sanok possui um museu dedicado a Beksinki, o qual contém 50 pinturas.

120 desenhos da colecção Dmochowski, inaugurado em 2006, na Galeria de Arte da cidade de Czestochowa, na Polônia.

No deserto de Nevada se encontra a  ‘Cruz de Beksinski “, na característica forma de T freqüentemente empregadas pelo artista.

O estilo de Beksinski foi marca fundamental para a arte de H.R. Giger [que falarei em breve].

 

Fontes:

The Legendary Pink Dot – Link

Galeria virtual Polonesa – Link

Livro com fotos de Beksinski – Link

Artes a venda da edição limitada de Beksinski – Link

“Fantastic Art of Beksinski” livro a venda – Link

Documentário sobre o artista, infelizmente não encontrei legendado em português – Link

Site Oficial – Link

Visita virtual ao Museu de Dmochow – Link

Venda de peças do Artista da Galeria de Belvedere – Link

Página dos criadores do Site Oficial de Beksinski – Link


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